sexta-feira, 6 de novembro de 2009

SEGRASE PUBLICA LIVROS - Por Gilfrancisco Santos


Segrase publica livros pela Editora Diário Oficial

GILFRANCISCO: jornalista, professor da Pós-Graduação da Faculdade São Luiz de França e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe.

A Editora Diário Oficial é um órgão suplementar da Empresa de Serviços Gráficos de Sergipe - SEGRASE, que foi previsto a sua criação no estatuto desta empresa, publicado no Diário Oficial de 29 de abril de 2008. Neste momento estamos oficializando a sua constituição, publicando as obras “De Portas Abertas” de Juraci Costa de Santana, “Litorâneos” de Ronaldson, respectivamente prêmios “Núbia Marques” (contos) e “Santo Souza” (poesia) da Secretaria de Estado da Cultura, e “Poço Redondo - A Saga de um Povo” de Alcino Alves Costa. O lançamento acontecerá no dia 17 (terça feira) de novembro às 17 h, na Sociedade Semear.

De Portas Abertas
As histórias sempre fascinaram o ser humano. Nas palavras ditas ou escritas de um bom narrador, os episódios adquirem vida. Os contos aqui reunidos falam de gente que como você têm sonhos, problemas e uma enorme vontade de ser feliz. Graças a sua inesgotável capacidade de imaginar vários ângulos de uma mesma situação, conseguindo aliar enredos envolventes à criação de uma linguagem saborosa e natural, é que os contos de Juraci na obra ‘De Portas Abertas’, revelam um trunfo raro, poucos sabem contar tão bem uma história como ele.
Juraci Costa de Santana (1959) nasceu em Itabaianinha/SE, onde fez seus primeiros estudos, antes de concluir o curso de Letras na Universidade Federal de Sergipe. Ao que parece, foi esta cidade que primeiro lhe estimulou o gosto pela ficção, foram as histórias do povo itabaianinhense, que acenderam-lhes a imaginação. O talento de Juraci Costa não tardou a fazer-se notado nesse jogo ficcional. Escritor premiado, eu diria que o ele está entre os cinco melhores contistas sergipanos. O autor já publicou: Urucunã (1997); Contos de Província (1999); História de Itabaianinha, a cidade dos anões (2003); Zé Belo e outras figuras (2005).
Através dos contos curtos, densos e ricos de sentidos, mostra o profundo conhecimento da matéria trabalhada, alguns desses contos obrigam o leitor a uma reflexão em torno da fenomenologia da consciência, uma desmontagem da linguagem e do universo semântico. De Portas Abertas, obra vencedora do Prêmio Núbia Marques (Contos), 2006, patrocinado pelo Governo do Estado de Sergipe, através da Secretaria de Estado da Cultura, traz contos monumentais, “de fato e de ficção”, feitos com a paixão necessária para compreender um povo sofrido, onde o leitor encontrará também as reflexões incisivas sobre a arte de escrever, o compromisso com a obra literária, a experiência absolutizante do poder e do amor, a luta de uma consciência pela definição dos dilemas humanos. São contos que exprimem a alma profunda da sua gente, com seu irremediável sofrimento que o atormenta, transmitindo com timbre intenso e inconfundível, a ponto de o tornar singularmente belo e capaz de retratar com veracidade a vida, sentimentos e paixões, dor e alegria de todo o seu povo.
Sabemos que o processo narrativo é uma forma especial de comunicação humana, e para existir, faz certas exigências. Não basta a presença elementar de um emissor, de uma mensagem e de um destinatário. De Portas Abertas, consegue ilustrar com clareza o pensamento narrativo do autor, fazendo o leitor entender aquilo que acontece na ficção e no real, essa obra é uma valiosa contribuição à historiografia literária sergipana, através dos bons contos, enfeixados nesta antologia, que hora publicamos.
Litorâneos
Ronaldson (1967) é um nome bastante conhecido no meio cultural sergipano, vencedor de vários prêmios, colaborador da imprensa local (Gazeta de Sergipe, Arte & Palavra, Aracaju Magazine, Cinform), desenhando, revisando ou dedicando-se a elaboração de inúmeros trabalhos gráficos, como ilustrações, capa de livros, cds e cartazes. Expôs em salões de humor e coletivas de artes plásticas como, Gravura de Inverno e Viés. Participou de algumas antologias poéticas sergipanas e nacionais. Vencedor do Prêmio Santo Souza de Poesia/2006, patrocinado pelo Governo do Estado de Sergipe, através da Secretaria do Estado da Cultura, o objetivo desse prêmio é revelar obras inéditas e estimular autores, finalmente ‘Litorâneos’ é publicado pela Editora do Diário Oficial.
Ao publicar seu primeiro livro ‘Questão de Íris’ (1997), prefaciado pelo tradutor e contista sergipano, Antônio Carlos Viana, este afirmava que o livro “resulta desse tratamento meticuloso dado às palavras, produzindo combinações sonoras e visuais a que poucos estão acostumados outro comentário positivo vem do crítico de arte Léo Mittaraquis em ‘A íris do jabuti’, “Versos em que cada palavra-chave impõe-se por si, gera conflitos, harmonias subsequentes e se explica.”
Litorâneos é um livro que enfatiza nossa terra, nosso litoral, tema constante também no livro anterior, de um autor sempre muito preocupado com a linguagem, apesar dessa coletânea trazer uma linguagem aparentemente mais despojada, o seu foco é nossa realidade marítima.
Dividido em três partes: Litorâneos, que intitula a obra e segundo o autor “queria fazer um livro praieiro, um livro caymminiano, que falasse de erotismo, praias, geografia, beleza do corpo, sol, nossas águas, enfim é a gente se voltando para nosso umbigo”; Funduras & Frugais – funduras são mergulhos nas profundezas do EU, da memória dos entes queridos e das frutas, ou seja tudo está relativo ao passado e suas reminiscências, esse é o enfoque; e finalmente a última parte Mimos Mínimos, que são os poemas curtos que remontam ao início de sua carreira de escritor, que publicava em paralelo aos poemas de muito fôlego. São poemas quase haicai (forma poética japonesa, composta de três versos).
Litorâneos é um livro que na utilização de uma linguagem cotidiana, a palavra é reduzida a mero objeto e ao empregá-la, transforma-a em campo de infinitas possibilidades expressivas. Isso possibilitou a esse poeta de profícua participação no panorama cultural sergipano, as condições fiéis para retratar estados emotivos de sua vida.
Poço Redondo - A saga de um povo
Povoação que pertencia a Porto da Folha foi elevada à categoria de cidade em 1956, Poço Redondo a 185 quilômetros de Aracaju, apesar da seca que assola o município, tem história, lugares que valem a pena ser conhecidos, como a Grota de Angico, onde Lampião morreu, ou o Morro da Letra, nas proximidades do Povoado Santa Rosa de Ermírio, cujas inscrições pré-históricas, em coloração avermelhada, ainda hoje não foram decifradas.
A história de Poço Redondo mudou totalmente na época do cangaço. Segundo Alcino Alves, dois acontecimentos do cangaço marcaram profundamente a vida dos habitantes do município: “Nenhum lugar, na vastidão dos campos sertanejos, viveu agonia tão grande e provocações tão gigantescas como o pequenino núcleo das brenhas do Riacho Jacaré. Por duas vezes, toda a população do povoado abandonou suas casas com medo da violência dos cangaceiros e da volante.”
Autor de uma série de livros, entre eles: Sertão, viola e amor; Lampião além da versão; Preces ao Velho Chico; Maria do Sertão; Sertão, vaqueiros e heróis; Canoas - o caminho pelas águas; João dos Santos – O caçador da Curituba; O sertão de Lampião. Alcino Alves Costa (1940), político festejado, por três vezes prefeito de sua terra (Poço Redondo), local que deu ao bando de Lampião, 26 cangaceiros. Histórias estas ouvidas e absorvidas por Alcino, que passou a contá-las e escrevê-las. Poço Redondo – a saga de um povo são narrativas das coisas e da vida do sertão sergipano, sobretudo administrativas, relacionadas ao município.
Ao publicar esta obra, a Editora do Diário Oficial coloca à disposição do público sergipano o importante trabalho do historiador autodidata Alcino Alves Costa, com isso busca contribuir para o resgate da memória de um dos mais expressivos municípios do Estado de Sergipe, principalmente pelo seu passado ligado à história do cangaço. Alcino é o mais conhecido explorador vivo da história de sua terra. Suas pesquisas e incursões na oralidade nos oferece um indispensável documento de referência tanto dos fatos da política local, quanto da trajetória de grandes políticos sergipanos. São relatos da vida de um povo que luta para se firmar numa região de clima inóspito e belezas singulares.






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